10/30/2005

Na rua da locomotiva

Helsinquia, 29Outubro2005A minha casa é especial. É um edifício de 1899, com uma fachada de tijolo vermelho, 3 pisos e cada um com quase 4 metros de altura, a pouco mais de 2 kms do centro da cidade. As casas de banho só foram instaladas nos anos 80, no plano original cada "rappu" (entrada, onde vivem 6 a 9 famílias, há 8) tinha acesso a uma, e só uma, casa de banho no exterior. Antes esteve abandonada e serviu de cenário nas filmagens de Gothy "Gorky Park", cuja acção decorre em Moscovo. Era assim durante a guerra fria.

O que a torna especial são as pessoas que lá habitam. São pessoas normais mas que se relacionam de forma diferente, talvez pelo relativo isolamento da casa ou pelo fascínio que esta exerce sobre pessoas com uma visão...alternativa. Há velhas chatas e resingonas, famílias e jovens solteiros, como em todo o lado, talvez haja mais jovens. Há ainda uma estrela de TV, um vizinho que, volta e meia, fuma uns charros (nessas ocasiões há um cheiro intenso no corredor), alguém que exibe caixas de fosfóros leninistas na janela e um velho marinheiro que passa parte do seu tempo numa cadeira que está lá fora e que por via do Eusébio faz parte dos tais seis milhões e meio de benfiquistas. Na sexta-feira à noite, quando voltava para casa, lá estava ele sentado. Perguntou-me se o Benfica tinha/(era) uma boa equipa. Talvez porque respondi em finlandês, o suomalainen que cresce dentro de mim não me permitiu a mentira piedosa: "Não, não é grande coisa".

10/29/2005

Template

Alguém deu conta da pequena alteração ao template operada na quinta-feira? Parece-me ainda um pouco blah, _______ (inserir onomatopeia para aborrecido, sem chama), vulgar. Talvez se cá tivessemos alguns artistas gráficos, ou até se se arranjasse um template novo...

10/28/2005

Preconceitos das Elites Brasileiras?

A propósito da última posta do Ruben, posso dizer que quando estive no Brasil este ano ouvi coisas sobre os Portugueses que nem sonhava e -ainda por cima- ditas apenas por pessoas que estudaram em universidades (sendo que a educação secundária necessária para entrar numa universidade brasileira custa pelo menos 1000/1500Reais por mês, quando um motorista de autocarro tem um vencimento médio de 1000 Reais por mês e um professor do ensino secundário do Estado cerca de 800).

Por exemplo:
- "Não fazia ideia que havia Portugueses engenheiros";
- "É incrível como você fala esquisito";
- "Você fala muito bem Português, onde aprendeu? Em Portugal também se fala Português";
- "Você tem uma cozinheira Portuguesa na Finlândia?!" (resposta à declaração que sim, como pastelinhos de bacalhau na Finlândia);
- "Não fazia ideia que os Portugueses conseguiam falar Inglês tão bem";
- "O número 'seis' não existe, diz-se 'meia'";
- "Os Portugueses é que andaram em África, nós os Brasileiros não temos nada a ver com isso" (N.B. O Brasil é o segundo país do mundo com mais negros, a seguir à Nigéria);
- "Como é que Portugal, um país tão pequeno e miserável, conseguiu colonizar o Brasil, um país tão grande e poderoso";
- "Falam-se crioulos do Português na Malásia e no Ceilão?! Não acredito! Bem, vocês é que andaram lá, nós não temos nada a ver com isso";
- "Portugal não foi o primeiro país europeu a chegar ao Japão, os primeiros foram os Holandeses e os Ingleses".

Reparem, portanto, nos chavões preconceituosos revelados por estas frases: os Portugueses são analbetos sem educação, não falam realmente Português e não são capazes de grande coisa; Portugal é um país pequenino, vilão da História (os heróis são os Holandeses) e o mundo da lusofonia é algo que não faz parte do mundo deles.

Quanto às pessoas comuns do povo com que interagi, não ouvi ou tive qualquer dificuldade, aparte os meus poucos coloquialismos lisboetas. Pelo contrário, deu-me a impressão de que para eles conversar com um Português parecia ser algo como falar com um parente ou amigo há muito tempo distante que está de visita à nossa terra.

Portugal-Brasil

Junto envio um artigo (interessante) colocado em http://dn.sapo.pt/2005/10/27/opiniao/saudades_brasil_portugal.html


"grande Vinícius de Morais fez um fado, que Amália também interpretava, de homenagem a Portugal e à fraternidade luso-
-brasileira, chamado Saudades do Brasil em Portugal. Amália e Vinícius sentiam de forma tocante esta proximidade na diferença entre Portugal e o Brasil, árvores de comuns raízes no bom e no ruim.

Já aqui escrevi uma vez sobre a necessidade de melhor entendermos as diferenças que o tempo construiu. E de caminharmos na aproximação que os novos tempos estão tecendo a onda de imigrantes brasileiros em Portugal, invertendo a relação tradicional nesta área (já não são os emigrantes pobres de Portugal que vão, são os imigrantes pobres do Brasil que vêm); os investimentos portugueses no Brasil (as empresas portuguesas criam já cem mil postos de trabalho); os investimentos e as parcerias de empresas brasileiras em Portugal; um conhecimento da realidade actual portuguesa, que os imigrantes brasileiros levam para o seu país; uma redescoberta do Brasil pelos emigrantes qualificados e pelo crescente número de turistas portugueses no país irmão.

Mas há, de facto (minoritariamente, eu sei), na sociedade brasileira, ainda um indisfarçado rancor contra Portugal - o colonizador. Fiquei abismado, há algum tempo, quando o ex-arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns, em entrevista a O Globo, justificava os problemas do Brasil e, nomeadamente, a corrupção. Transcrevo na íntegra, por fidelidade (e espanto) "Esses erros (da história recente) foram cometidos a partir dos portugueses, que descobriram o Brasil e mandaram para cá a escória da sociedade, os menos preparados, os menos desejados em Portugal. Essa foi a primeira coisa. A segunda foi dividir o Brasil em grandes propriedades, as capitanias hereditárias. (...) Portanto, acho que Portugal tem tanta culpa como o Brasil e os brasileiros daquele tempo, embora o Brasil seja o país mais habitável da terra, o país mais amigo, que melhor recebe as pessoas que vêm de fora" (esta parte, parece, já não é da responsabilidade dos portugueses, segundo D. Paulo Arns).

Esta não é a opinião de um qualquer brasileiro. Mas é, claramente, a de um brasileiro que pouco entende da História do seu próprio país, que pouco sabe do que foi a colonização em todo o mundo e do relevante papel que tiveram as capitanias (que D. Paulo critica) na afirmação do território brasileiro - para não falar da importância da aliança luso-britânica para derrotar os apetites das outras potências coloniais do tempo, que queriam penetrar e esquartejar o território e do modo como os portugueses conseguiram o milagre (ao contrário, p.e., dos espanhóis na América Latina) de manter uno e alargar o espaço brasileiro. Justificar a corrupção actual no Brasil com a colonização portuguesa de há 500 anos é obra!

Este mês ainda, a revista Carta Capital publicava um artigo de Miguel Sanches Neto, sob o título "Brasil recolonizado". Por quem, desta vez? Pois pelos novos escritores portugueses, que não deveriam estar nas prateleiras das livrarias! O artigo mereceu uma enérgica e elegante resposta do embaixador português, Francisco Seixas da Costa, o qual confessava a sua surpresa pela opinião de Neto - "uma aberta apologia do proteccionismo linguístico, do fechamento da fronteira cultural do Brasil à nova literatura portuguesa, tida por poluente veículo de uma estética convencional".

Seixas da Costa, frisando quanto a excepção de Sanches Neto não confirma a regra, salientava quanto uma minoria espreita ainda "pelas esquinas do preconceito", ao tentar fazer do Brasil e de Portugal "dois países separados por uma língua comum". Seixas da Costa lembrava, ao articulista tido por progressista, o seguinte "Na minha juventude em Portugal, a ditadura não se atrevia a privar-nos de Amado, Guimarães Rosa ou Veríssimo, a afastar-nos da Pasárgada da esperança acenada por Bandeira". E ainda: "Se alguém hoje ousasse por lá dizer que Nélida Piñon, Ferreira Goullar, Lygia Fagundes Telles, Rubem Fonseca, João Ubaldo Ribeiro ou o outro Veríssimo afectavam a estética literária caseira teria, como resposta, uma gargalhada do tamanho do Atlântico."

Do Atlântico do fado de Vinícius ou do Tanto Mar de Chico Buarque, acrescento eu. Porque sei que o Brasil real não é o do de intelectuais ditos progressistas, que adorariam ser americanos e que querem que a democracia faça o que nem a ditadura ousou fazer. É caso para escrever saudades do Brasil (que eu conheço) em Portugal."

10/26/2005

O Homem do Norte*

Esta posta esteve para ser escrita em "finlandês moderno" e chamar-se-ia "Big In Portugal" (Iso portugalissa não teria grande piada).
Cada povo tem os seus artistas estrangeiros prediletos, aqueles que não sendo dignos de destaque noutras terras encontram aí um público acolhedor e especialmente carinhoso. Lembro-me do estatuto de grupos como dEUS, Violente Femmes ou Tindersticks que sempre têm entre os portugueses uma legião fiel de seguidores - estou um pouco a deitar-me a advinhar mas não creio que estas bandas sejam tão bem sucedidas ou sequer adquiram um estatuto próximo em muitos outros países (que não os seus). Um desses fenómenos mais recentes é um finlandês enorme, quase dois metros de homem, se não estou em erro. Kimmo Pohjonen é acordeonista, executa com brilhantismo, é senhor de uma criatividade invulgar e de um excepcional talento para recrear temas do universo do foclore (parece que há aversão a esta palavra!) finlandês. Não sou eu que o digo é o e a crítica em geral. Esteve já várias vezes em Portugal, regressou neste Outono para cinco concertos em cinco, digo cinco, cidades portuguesas:


Kimmo Pohjonen e Portugal assumem o caso de amor que já se adivinhava. Com um acordeão diatónico, um sampler e um jogo de luzes herdado do dia da criação, o danado e arrebatador Kimmo Pohjonen está de volta. Aterra na Casa da Música dia 21 de Outubro. Depois, segue para Guimarãres (22), Aveiro (25), Coimbra (27) e Guarda (29).
Pohjonen é um dos mais importantes músicos da nossa época, fugindo por completo às convenções daquilo a que um dia chamaram pop. Muito eufemisticamente, o seu som pode ser descrito como uma implosão de sons esventrados à raiz da folk finlandesa à conta de um (estranhíssimo) tratamento digital que nem por um segundo dulcifica a música. Imagine-se tudo isto potenciado por animação virtual gráfica e por misturas de vídeo e estamos diante de "Animator", o projecto que o terrorista sónico vem apresentar desta vez. (
Guia do Lazer/ Público)

A popularidade do artista mede-se também no Google, uma busca em português por "Kimmo Pohjonen" devolve 15 700 resultados. Foi por aí que cheguei até esta entrevista de Dezembro último, nas Crónicas da Terra.

*PohjoInen: "do norte". Intuo que o apelido Pohjonen tenha surgido a partir de Pohjoinen mas não tenho confirmação.

10/25/2005

Em silêncio

Posso apenas falar por mim, mas acho que sei a razão para tanto silêncio no blog da Lusofin...

Pelo menos para mim, é penoso adicionar qualquer pensamento ou ídeia quando leio a palavra "racismo" no écran. Existem assuntos que as pessoas não gostam de discutir. Quem me conhece sabe que eu sempre digo que não gosto de discutir política, religião ou futebol, embora, no entanto acabe sempre por o fazer.

Será a Lusofin o espaço certo para o fazer?
O António gosta de criar polémica (talvez para fomentar a discussão) mas certos assuntos são sempre delicados - mais a mais quando se mora na Finlândia.

Eu pessoalmente nunca tive razões de queixa - e não ouço muitas histórias. Normalmente das histórias que ouvimos, fica o princípio por contar... eu não sou racista, mas vejo a atitude provocante de muitos estrangeiros (felizmente nenhum que eu conheça...) que pode patrocinar estes problemas.

...mas digo de novo... será que vale a pena falar sobre isso aqui?
Ao menos a Finlândia faz um esforço para integrar os seus imigrantes. O que faz Portugal?

10/18/2005

Antídoto contra o racismo?

Há vítimas e vítimas...

"A estória veio ontem contada no Público, uma página inteira assinada por Idálio Revez. Revertendo a seu favor o preconceito rácico da sociedade portuguesa, uma família cigana teria burlado algumas imobiliárias do Algarve. Como? Deste modo: 1. «uma rapariga loura, de olhos azuis, distinta no trato e na apresentação», contacta um agente imobiliário, junto de quem sinaliza contrato-promessa para aquisição de apartamento em condomínio fechado com piscina; 2. como «sinal», entrega ao referido intermediário quinze mil euros, em notas; 3. dois dias depois, a rapariga regressa, mas, desta vez, «com um bebé ao colo [...] saia comprida e lenço na cabeça»; 4. aparentemente, pretende mostrar o condomínio a outros familiares que vêm com ela; 5. as crianças, vestidas e calçadas, atiram-se «para dentro da piscina, obrigando as restantes pessoas a abandonar o local»; 6. no dia seguinte, «formou-se uma espécie de acampamento junto à piscina»; 7. chamada ao local, a GNR declara-se impotente para dirimir o «conflito de interesses»; 8. um dos cunhados da rapariga declara querer comprar um apartamento, «e pago já»; 9. a imobiliária recusa vender, e a família cigana queixa-se de discriminação; 10. o episódio termina com o pagamento (à rapariga), em dobro, do «sinal», solução que desvincula a imobiliária do contrato-promessa. O estratagema terá sido repetido com idêntico desfecho noutros condomínios. Não sei se isto dá vo ntade de rir, se de outra coisa. O que me parece é que a imobiliária levou por tabela. Querem ser racistas? Comecem por ser profissionais. Afinal, quem é que aceita quinze mil euros em notas? Quem é...?"

No da literatura

28.10: Destaco o comentário que o Johnny aqui deixou ontem:
"Essa burla é fantástica, das melhores de que já ouvi falar. Neste, os burlões jogam a ganância (dinheiro à vista) e os preconceitos (racismo, xenofobia, etc) dos burlados contra eles próprios.

Isto não é uma burla, é uma lição de moral! :-)"

10/16/2005

Boas notícias

Ao procurar pelo recente artigo do New York Times sobre o vinho português (For the Next Big Thing, Look to Portugal; o artigo não se encontra mais disponível, ver comentários ao poste VINHAÇAS) encontrei este:

Portugali on tätä nykyä kuumimpia viinintuottajamaita, ja myös Alkon valikoimaan on saatu ilahduttavasti maukkaita uutuuksia Portugalin rustiikkisista maisemista. Tämänviikkoinen Morgado de Sigueiros on loistava esimerkki. Douro-joen rantamat ovat Portugalin muodikkainta ”pöytäviinialuetta”, mutta tämän viikon viini on valmistettu perinteikkäällä Dãon alueella, hieman Douro-joen eteläpuolella. Dão tunnettiin pitkään valtavien osuuskuntien alueena. Markkinoille puskettiin enemmän tai vähemmän toisiaan muistuttavia, varsin persoonattomia ja aivan kuin samasta tuutista pursotettuja viinejä. Asiat muuttuivat 1990-luvun loppupuolella, kun osuuskuntatoimintaa alettiin purkaa ja yksittäiset viljelijät ymmärsivät alueen potentiaalin mahdollisuudet. Dãon maineen suunta kääntyi. Rustiikkiset, persoonalliset ja varsin rotevat viinit alkoivat tehdä tuloaan.

Não tenho dúvidas de que o autor também leu o artigo do NYTimes. A terminar, a cereja no topo do bolo:

Morgado Silgueiros
Alue: Dão
Rypäleet: Jaen, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Alfrocheiro
Hinta: 7,64 euro
Tähdet: (4 estrelas)

10/15/2005

Vinhaça: Apelo à Comunidade

Queria por este meio apelar a todos as simpáticas e simpáticos leitoras e leitores deste blog que ajudassem o meu amigo Frank, o consultor alemão dos Chem Brothers. O Frank enviou o seguinte apelo:

"Tonight I will visit the Portugese Homeland Club in Krefeld for dinner. I will most probably eat gambas in garlic, which are supposed to be very delicious. Now the question is about the wine. I have drunk vinho verde before but I believe it is not powerful enough to complement the gambas. Is there a wine that you can recommend that I can still pay without putting another loan on my house and which would go well with the gambas?"

Se vocês estivessem no lugar do Frank, que vinhos escolheriam?

Por favor, enviem as vossas sugestões para http://neko.homeunix.net/b/contact.php.

10/14/2005

Impostos e economia paralela

A OCDE divulgou esta semana as tabelas comparativas do peso da fiscalidade no produto interno bruto em 2004: Resultados não disponíveis para Portugal (37% em 2003) e um quinto lugar para a Finlândia, com 44,3%, atrás de Suécia (50,7%!!), Dinamarca, Bélgica e Noruega, com quem trocou de posição. (tabela [PDF, ver pág.4])
A ter em conta que a comparação deve ser feita usando de boa dose de ponderação. Nestas economias o estado fornece mais serviços e cobra impostos que irá mais tarde devolver a determinados sujeitos; noutras, como em Portugal, os sujeitos podem beneficiar de deduções de impostos em situações específicas, por exemplo, as famílias, desagravando o peso fiscal.(ver artigo, HS)

Chocantes são os resultados apresentados num estudo recente do banco mundial sobre o peso da chamada economia informal nas economias da OCDE (a figura foi cortada, clique para ver o gráfico completo). O feudo dos patos bravos, dos autarcas corruptos e empresários gananciosos também conhecido como Portugal, e terra dos Isaltinos, dos majores e das Felgueiras apresenta uma peso de 22,5% para a economia informal, certamente elevada mas pouco mais que as "impolutas" e cívicas Suécia (19,1%), Noruega (19%) e Finlândia (18%). De facto, muito pouco, se comparado com os respectivos valores da católica Aústria (10,6%), dos banqueiros suiços (9,4%) e dos corruptos americanos (8,7%!). (relatório aqui, tabela na pág.20)
É certamente chocante, pelo menos para mim que faço do tema um dos meus assuntos de conversa recorrentes quando se trata de fazer comparações, observar que a dimensão da economia subterrânea é aqui pouco menor do que no geralmente vilipendiado Portugal. Dá para compreender?

10/13/2005

LusoFin de L a N

LusoFin: três anos, 100 membros, milhares de mensagens e de horas perdidas. Digam lá se não é fantástica a internet.

Marmanjos
: seis nomes no layout do blog, tudo rapaziada jovem e culta (ó pr'a mim). Haverá já donzelas impressionadas?

Mulheres: elas nãoparecem ser lá muito adeptas de blogues e fóruns, e a ninguém passa pela cabeça que pudesse haver um debate para «falar de blogues no masculino». Verdade que temos uma recruta prometida, mas eu cá quero ver para acreditar.

Séniores: são pouco, preferirão a informalidade da conversa onde as letras não valem pontos e a idade ainda vai impondo algum respeito e credibilidade a este meio dos novos tempos. Aceitarão o engodo dos nicks?

Nicks: posso-vos garantir que me chamo António, já devem até estar fartos de o saber. Já quanto ao gajo que assina João Alferes...

Continente: estamos em Helsínquia, Espoo, Tampere e Holanda (Simonlands, qual é o nome dessa tua aldeia). Aparentemente, em Portugal o pessoal não gosta de blogs.

Finlandeses: Também não temos, lamentavelmente. Jos minä voin puhua pahaksi suomeksi misket voisi kirjoitaa hauskaksi portugaliksi?

LusoFin: quanto valerá o copyright do nome?

Por nenhuma razão


Às vezes os "postes" não têem nenhuma razão de ser. São apenas uma fotografia de um momento da mente.

Este é o meu:

"Tinha um cravo no meu balcão;
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?


Sentada, bordava um lenço de mão;
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe dou-lho ou não?

Dei um cravo e dei um lenço,
só não dei o coração;
mas se o rapaz mo pedir
- mãe, dou-lho ou não?"

Eugénio de Andrade

10/11/2005

Santana e Sócrates, ou o Dionisíaco e o Apolíneo Revisitados

Gaita, que tenho mesmo saudades do Santana! Ah, o caos! Ah, a anarquia! Todos os dias uma laracha nova (os meus amigos brasileiros adoraram a do Machado de Assis)! As fofocas das discotecas, as amigas e as manifestações de desagravo. A troupe dos sátiros de Morais Sarmento. Que saudades do excesso e da alegre dilaceração mediática quotidiana...

Depois, com a Racionalidade Socrática,acabou-se a festa. Tudo se procura justificar, medir e resolver. Tudo passou a ser explicável e novos grandes projectos (e.g. TGV, Ota) prometem modernizar a pátria. Que chatice. Resta-me refugiar-me em Nietzsche.

Divulgação: Modern African Music

Modern African Music

Ciclo de Seminários pelo Professor Wofgang Bender da Universidade de Mainz

De 11 a 14 de Outubro de 2005 das 17 às 19 horas

Na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Av. De Berna 26

(A sala onde se realizará o Curso será afixada na porta de entrada do Edifício Central e no Gabinete D do Edifício B1)

1.) Jaliya: The Griot complex (Mali/Guinea/Senegal).

2.) From "oriki" to "juju". The integration of a traditional instrument into modern music: The Yoruba talking drum.

3.) The ancestors speak: From Mbira to Chimurenga in Zimbabwe.

4.) "Marie Louise" - Congolese music conquers the whole of Africa.

Aberto a todos os interessados

Amargar ou Agir?

Muitas vezes, dou comigo a comparar o que funciona bem na Finlândia, com o que funciona bem em Portugal. E reparo que em algumas dessas vezes o fiz com amargura. E muitas vezes dou também com outros conterrâneos a amargar as suas reflexões sobre os dois países.

Mas nada disto ajuda. Nada de isto ajuda porque o que está mal não pode jamais ser mudado pela amargura. Enquanto acharmos que nada pode ser mudado, então nada pode ser mudado. Mas enquanto acreditarmos que alguma coisa pode ser mudada, então tudo pode ser mudado.

Jantar de Outono, 11 de Novembro

Decorre na sexta-feira, 11 de Novembro, o jantar português e para o qual estão convidados todos os membros da LusoFin, e respectivos acompanhantes.

A inscrição* é OBRIGATÓRIA e gratuita, até ao dia 4 de Novembro. Inscrições para o meu e-mail (ajdias@castelo.fi) ou nos comentários a este poste.
Os retardatários pagam 2 euros por pessoa, até ao dia 9 e os inscritos de última hora serão "gentilmente convidados" a doar 4 euros/pessoa - os pagamentos serão entregues na integra à Cruz Vermelha Finlandesa, naturalmente contra-recibo.

Havendo suficientes interessados inscritos até ao dia 4 farei a respectiva reserva num restaurante da baixa de HKI (aceitam-se sugestões)... nem que seja no "afamado" Steak House.

*uma simples mensagem "eu vou" ou "conta connosco, 2 pessoas" será suficiente.

10/10/2005

Lisboa - Pequim

Tal como o João também eu aproveitei o domingo para sair embora confesse que a minha integração ainda deixe muito a desejar - não quero sequer ouvir falar do fato de treino...

Caminhamos até Seurasaari, a ilha museu, onde encontramos muitos esquilos e uma pequena multidão de visitantes, muitos deles carregando consigo amendoins e amêndoas. Era um daqueles fins de tarde de Outono que não se esquecem, de temperatura amena, o sol brilhava a baixa altitude e a luz reflectia-se na água, as folhas caídas estendiam-se um manto de cores sobre relva e vegetação. Lamentavelmente deixei em casa a máquina fotográfica, suspeito que tão cedo não terei igual oportunidade.


Por perto, um grupo numeroso de turistas chineses, relativamente ruídosos, que tentava, sem sucesso, alimentar os esquilos à mão. Imagino o desconsolo do chinês quando um dos esquilos me saltou para o joelho sem que eu fizesse muito por isso.

E mais desconsolados terão ficado quando nos viram na companhia de um casal italiano, que espera o quinto filho. Erámos 4 adultos e sete crianças, todas elas entre 1 e 5 anos. Sorríam para as crianças, assobiavam e lançavam comentários na direcção delas e até pediram para tirar fotos. A italiana diz que é sempre assim com os chineses quando vai à ilha, efeitos da política de um filho por casal.
Portugal não é a China mas só nos faltou mesmo pedirem para tirar fotografias das crianças. Os chineses são penalizados pelo seu governo se tiverem mais do que uma criança. Qual é mesmo a desculpa dos portugueses*?

*A taxa de reprodução substituição geracional da população portuguesa é de 1,4. Estima-se que seja necessária uma taxa de 2,1 para assegurar a continuidade da população.

10/09/2005

E este tempo, han?

Olá!

Pelos vistos vou mesmo ser eu a fazer as honras do primeiro "poste" (tradução horrível, não?).

Nada melhor para começar uma conversa do que assuntos circunstanciais, o que nos leva... à clássica discussão sobre o estado do tempo!

Desde que venho à Finlândia (já lá vão uns bons 9 anos) que não me lembro de ver um Outono tão ameno e arriscaria até dizer, agradável. Lembro um Verão (por sinal o primeiro Verão que passei por cá) que foi mais quente que o português. Na altura quase acreditei que era a norma... como muitos devem saber, na realidade o Verão finlandês não é própriamente indicado para visitas à praia...

Notório e inegável é o aquecimento que se verifica por cá, e a nível global, as mudanças na atmosfera. Será que este aumento das catástrofes "naturais" que se verifica por todo o mundo se deve apenas a um fenómeno mediático ou se trata do prenúncio de preocupantes mudanças climáticas com irreversíveis consequências?
O desprezo de alguns países pelo tratado de Kyoto e a incontrolável devastação de massa florestal por esse mundo fora não estarão a contribuir para o acelerar desta catadupa de eventos que os mídia reportam?

Por hora, a Finlândia tem resistido (e Portugal também) a toda esta onda de catástrofes que quase diáriamente granjeiam as primeiras paginas dos jornais, mas durante quanto tempo será assim? Quanto tempo para a Finlândia ser atingida por um tornado "a sério"? Quanto tempo para a terra tremer de novo em Lisboa?

...realmente, "este tempo" não é normal...

E dito isto, ponho o fato de treino e os óculos escuros e vou aproveitar este acidente da natureza porque cheira-me que em breve estará tudo coberto de neve.