10/14/2005

Impostos e economia paralela

A OCDE divulgou esta semana as tabelas comparativas do peso da fiscalidade no produto interno bruto em 2004: Resultados não disponíveis para Portugal (37% em 2003) e um quinto lugar para a Finlândia, com 44,3%, atrás de Suécia (50,7%!!), Dinamarca, Bélgica e Noruega, com quem trocou de posição. (tabela [PDF, ver pág.4])
A ter em conta que a comparação deve ser feita usando de boa dose de ponderação. Nestas economias o estado fornece mais serviços e cobra impostos que irá mais tarde devolver a determinados sujeitos; noutras, como em Portugal, os sujeitos podem beneficiar de deduções de impostos em situações específicas, por exemplo, as famílias, desagravando o peso fiscal.(ver artigo, HS)

Chocantes são os resultados apresentados num estudo recente do banco mundial sobre o peso da chamada economia informal nas economias da OCDE (a figura foi cortada, clique para ver o gráfico completo). O feudo dos patos bravos, dos autarcas corruptos e empresários gananciosos também conhecido como Portugal, e terra dos Isaltinos, dos majores e das Felgueiras apresenta uma peso de 22,5% para a economia informal, certamente elevada mas pouco mais que as "impolutas" e cívicas Suécia (19,1%), Noruega (19%) e Finlândia (18%). De facto, muito pouco, se comparado com os respectivos valores da católica Aústria (10,6%), dos banqueiros suiços (9,4%) e dos corruptos americanos (8,7%!). (relatório aqui, tabela na pág.20)
É certamente chocante, pelo menos para mim que faço do tema um dos meus assuntos de conversa recorrentes quando se trata de fazer comparações, observar que a dimensão da economia subterrânea é aqui pouco menor do que no geralmente vilipendiado Portugal. Dá para compreender?

3 Comments:

Blogger Zé Côdeas said...

Tem tudo a ver com a maneira como perspectivas o "modus faciendi" de cada país...

Cumprimentos,
Ruben

10/17/2005 11:57:00 da manhã  
Blogger António said...

absolutamente de acordo meu caro. Mas acredita que me é dificil de compreender - não o valor em si mas a escassa diferença entre os dois paises.

A minha mulher diz-me que a fuga cá é elevada por causa da construção e dos serviços domesticos. No primeiro é-me dificil acreditar que atinja sequer os valores portugueses, no segundo ate concordo mas parece-me que o seu impact seja negligenciável, a nivel macroeconomico. Estamos aqui a falar de pessoas que dao boleia a colegas de trabalho e recebem boleia sem declarar esse rendimento, maes e avos que cuidam dos filhos de outrem sem receber nada ou recebendo em troca favores (proveitos nao declarados), conjuntamente com os tradicionais serviços domesticos, a rapariga que vem e faz limpezas, etc...

10/18/2005 11:39:00 da manhã  
Blogger Zé Côdeas said...

Pois, tinha já essa mesma impressão: o impacto económico é algo reduzido. E, atenção, é a visão de alguém que, além de leigo na matéria, não tem elementos suficientes para fazer um juízo completo.

Li algures que o ministro das Finanças português quer obrigar todos os agentes económicos a passar recibo. Vamos lá a ver se a distância entre o falar e o fazer não é, mais uma vez, assim tão grande...

Por outro lado, parece que a cobrança fiscal está a melhorar, segundo os últimos dados ...

Vamos lá a ver se iniciamos o mesmo percurso que já está a fazer a Espanha...

Se conseguirmos um líder que não tenha medo de mexer com os lobbies, os corporativismos, etc, etc, estaremos safos...

10/22/2005 05:29:00 da tarde  

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