Já lá vão 32 anos da Revolução. Uma revolução
sui generis, às vezes com momentos caricatos.
"Enquanto lia estas informações, o jipe trava de repente e dou comigo parado no sinal vermelho do cruzamento da Cidade Universitária. Olho para o lado e vejo um autocarro da Carris também parado. Achei que era de mais parar a Revolução ao sinal vermelho, quando o que distinguia os carros do MFA era um triângulo vermelho no lado esquerdo das viaturas ou tapando a matrícula. Mando avançar tocando as sirenes das autometralhadoras EBR até chegar ao Terreiro do Paço."
- Salgueiro Maia Qando um punhado de valentes ofereceu ao povo português o maior presente, a liberdade. O meu sincero obrigado a todos eles.
À frente das operações, um herói.
Perdão, um Herói.
Um "simples capitão" que mostrou aos generais do mundo inteiro como enfrentar a tensão do momento, de como conseguir atingir os seus objectivos, e ao mesmo tempo, com uma multidão atrás de si, evitar um banho de sangue.
"Vi uma massa de gente, todos a levantar a voz, a pôr flores nos canos das espingardas. Ninguém precisou de matar ou ser morto. Ninguém precisou de ordenar um assalto, ou até de prender o rei e os seus vassalos." - Salgueiro Maia
Ficará para a história como o protótipo do líder íntegro, que cumpriu a sua missão, e recusou posteriores honrarias. Em vez disso, pagou a sua "impertinência para com as chefias" com lugares menores, longe de casa, mas onde sempre demonstrou o seu profissionalismo.
Hoje a sua estátua é reposta à entrada de Santarém. Tenho pena de não poder assistir à cerimónia, já que estou do outro lado da Europa. Mas se hoje sou livre para escolher onde vivo, também o posso agradecer a quem fez o 25 de Abril.
Realmente o que Portugal precisa é de
muitos Salgueiros Maia.