10/13/2005

Por nenhuma razão


Às vezes os "postes" não têem nenhuma razão de ser. São apenas uma fotografia de um momento da mente.

Este é o meu:

"Tinha um cravo no meu balcão;
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe, dou-lho ou não?


Sentada, bordava um lenço de mão;
veio um rapaz e pediu-mo
- mãe dou-lho ou não?

Dei um cravo e dei um lenço,
só não dei o coração;
mas se o rapaz mo pedir
- mãe, dou-lho ou não?"

Eugénio de Andrade

2 Comments:

Blogger António said...

nao tarda nada e estas a citar a margarida rebelo pinto a citar O~neill ou mourao ferreira...

...espera ela já se cita a si mesma
:)

10/13/2005 10:57:00 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Eu que me comovo
Por tudo e por nada
Deixei-te parada
Na berma da estrada
Usei o teu corpo
Paguei o teu preço
Esqueci o teu nome
Limpei-me com o lenço
Olhei-te a cintura
De pé no alcatrão
Levantei-te as saias
Deitei-te no banco
Num bosque de faias
De mala na mão
Nem sequer falaste
Nem sequer beijaste
Nem sequer gemeste,
Mordeste, abraçaste
Quinhentos escudos
Foi o que disseste
Tinhas quinze anos Dezasseis, dezassete
Cheiravas a mato
À sopa dos pobres
A infância sem quarto
A suor, a chiclete
Saíste do carro
Alisando a blusa
Espiei da janela
Rosto de aguarela
Coxa em semifusa
Soltei o travão
Voltei para casa
De chaves na mão
Sobrancelha em asa
Disse: fiz serão
Ao filho e à mulher
Repeti a fruta
Acabei a ceia
Larguei o talher
Estendi-me na cama
De ouvido à escuta
E perna cruzada
Que de olhos em chama
Só tinha na ideia
Teu corpo parado
Na berma da estrada
Eu que me comovo
Por tudo e por nada............

Lobo Antunes. Eu me comovo por tudo e por nada.
Mais valia não haverem noticias de Portugal. Daqui nada de novo. Os pais da Joana continuam a ser julgados. A dúvida é perceber como couberam as partes mutiladas do corpo da Joana na arca congeladora e depois em que pocilga foram deitados aos porcos...sem comentários. não é possível.

10/14/2005 01:46:00 da manhã  

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